quinta-feira, 6 de agosto de 2015

5 segundos apenas

Quando acordo há aqueles 5 segundos. 5 segundos apenas. Em que o meu cérebro ainda não acordou completamente e eu ainda sou feliz e segura de mim. Ainda está tudo bem e eu sei exatamente o que fazer a seguir. Esses são os 5 segundos que me fazem querer ir dormir à noite. São esses 5 segundos que justificam os pesadelos, os gritos, as insónias. São os 5 segundos que vou ter na manhã a seguir que me convencem a parar de chorar e seguir sonhando. Mas todas as manhas, 6 segundos depois de acordar, percebo, onde estou, quem tenho na minha vida, quem perdi e e porquê. Iludo-me, iludo-me todas as manhãs. Literalmente, começo todos os dias a mentir a mim mesma! 
Onde vou buscar agora as forças para me levantar, por o meu sorriso na cara, e enfrentar mais um dia como se estivesse tudo bem? Não sei bem onde, não sei mesmo. Mas vou buscar. Porque já não é tempo de chorar pelos cantos, já não sou ingénua para acreditar que o mundo se uniu para me fazer sofrer, já não sou crente para acreditar que alguém vai melhorar a situação. Ninguém o vai fazer! Ninguém vai chegar um dia e dizer: Toma, aqui está uma lista de instruções para a tua vida deixar de ser uma bosta. Não. Tudo o que queres ter ou fazer tens de ser tu a fazer. E se as coisas já são difíceis, porque hei-de torná-lo pior? Não é com pedras que vou vencer, não é a queixar-me, não é a acreditar que ALGUÉM, ALGUM DIA, vai aparecer e tornar tudo melhor. Também não estou à espera que o mundo me sorria porque eu sorrio ao mundo. Não estou a espera que a minha vida corra melhor assim do nada. Mas é simples, posso não afetar o mundo ao mostrar o meu sorriso imbatível, mas caramba, sei que me sinto grande por mostrar ao mundo que não me impediu de sorrir. 
Por isso, posso não saber esquecer, posso estar sempre a pensar no que sinto, mas também sei que causo incómodo por saber perdoar. 
É isto. Aquela pequena vitória, aquele sorriso que mostras ao mundo, aquela dor que sentes mas que já não queima, o simples perdão que concedes-te sem que to tenham pedido e nem sequer o quisessem, o perdão que por perdoares quem te fez mal, te é concedido a ti. É essa pequena vitória que te faz esquecer os gritos, os pesadelos, as insónias e as lágrimas que enchem as tuas noites. É essa vitória que faz essas noites escassear. E é por tudo isto, que vivo os meus 5 segundos de ingenuidade dolorosa todas as manhãs. Por saber que esses simples 5 segundos me vão dar forças para fazer um pirete à vida durante toda a minha vida. 
FML  

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Vida Madrasta

As madrastas são sempre as más da fita. Ponto final, desde pequeninos sempre assim aprendemos e não é agora que vai mudar, mas só no outro dia relacionei a expressão madrasta a que se associa má, com a expresão que me serve de título: "Vida Madrasta". Foi aí que percebi que é isso que a minha vida tem sido. A minha madrasta. Apareceu na minha vida de surpresa, mudando-a para sempre. Nunca mais foi boa e sorridente e colorida e maravilhosa. Acontecimento a acontecimento foi-se degradando. Família que trai, desempregos abaladores, separações egoístas e fúteis, mudanças inesperadas e que não quero...
Este último ponto, na verdade, abalou-me preferencialmente... Foi um processo crescente que foi levando a este final que não queria. Primeiro a dor de não conhecer-mos quem conhecemos toda a vida. Magoou mas ainda tinha a minha família mais próxima comigo, eles ainda iam apoiar-me para sempre e juntos venceríamos tudo. Depois o consequente desemprego, abalou a nossa família em termos financeiros mas só nos tornou mais unidos e fortes, e inseparáveis...ou foi o que eu pensei porque depois os meus pais separarm-se, e quer dizer, eu amo os meus pais, mas terem-no feito em tempos que já eram tão dificeis foi um ato muito egoísta, pedi-lhes razões, justificações, qualquer coisa que desse sentido aquele sentimento que tanto me magoou...mas só houve silêncio e lágrimas. Adeus estrutura familiar e apoio inabalável... e agora, esta mudança. Querem tirar-me do sítio onde cresci, onde encontrei e perdi amigos, onde me apaixonei e fui traída, onde me apaixonei outra vez e sou feliz, Onde aprendi a ler e a ver o mundo com as cores do meu arco-íris. Onde as quatro estações não só são bonitas como são mesmo quatro. Onde chorei, ri, gritei e lutei. Onde sempre pensei que voltaria aos fins-de-semana qaundo fosse para a universidade. Onde sempre esteve o meu porto seguro. Onde pela primeira vez encontrei um sítio que se tornou o meu lar. Querem tirar-me isto tudo e dizem que é para o bem comum, que nos vai fazer bem, que só vamos crescer e ver o mundo com outros olhos, que vamos conhecer pessoas diferentes e ser felizes... mas eu já cresci aqui, já vi o mundo e conheci muitas pessoas diferentes voltando sempre aqui, e sou mesmo muito feliz aqui. Não, não é pelo meu namorado, ele estará sempre presente na minha vida mais perto ou mais longe, sei que vai lutar por nós independentemente das adversidades. O meu problema não é esse. O meu problema é: Onde está o meu porto seguro? para onde vou quando vier da universidade? para uma casa qua não é a minha, numa cidade que não é a minha?
A vida é madrasta, mas tentou avisar-me, foi-se tornando dificil e cada vez mais desatrosa. Tornou um  mundo em que era feliz e o meu sofrimento era leve e passageiro, num mundo em que está muito nublado e ameaça chover... E o problema, é que desta maldita madrasta, nem o meu príncipe me pode salvar...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2015

Cinderela

Estava aqui a olhar para os livros e a pensar o quanto te quero aqui. A cada momento do meu dia, tudo aquilo que quero és tu e quando não te posso ver…so quero chorar. Quando acordo a primeira coisa em que penso é em ti. Olho sempre á minha volta e sonho com os dias que estão para vir em que vou poder acordar ao teu lado, ver-te dormir e aí sim, vou chorar. Vou chorar porque vão ser os momentos mais felizes da minha vida, vou chorar pelos anos da minha vida que desperdicei longe de ti. Pelas manhãs em que acordei e tu não estavas lá, pelas noites em que chorei e não te podia abraçar. Vou chorar por finalmente estar onde pertenço.
Gosto de fazer de conta que sou dura e nada me vai abalar. Diariamente ponho uma máscara em que sou a pessoa mais forte e corajosa do mundo. Mas, na verdade, não tenho nada de forte. Nada de corajoso ou duro. Sou frágil como um cristal… e já fui partido tantas vezes, que pensei que nunca iria ser nada mais do que estilhaços a percorrer a minha vida ao arrasto do vento, sem propósito nem sentido. Depois chegas-te tu e devagarinho fui curando todas aquelas feridas que nunca tive tempo de sarar. Todas aquelas mágoas que foram sendo empurradas por outras cada vez piores. Há muito pouca coisa que me faça rir, rir por dentro, ser realmente feliz. Sabes aquele momento em que sentes que o teu coração está ás gargalhadas? Nunca o tinha sentido, aquela felicidade que só tu me podes dar, que só o verdadeiro amor é capaz de criar. Anatomicamente impossível, essa gargalhada do miocárdio. Antropologicamente incoerente, esse verdadeiro amor único. Cientificamente incorreto, esse rir por dentro. E tu, para mim, és isso tudo, és impossível, incoerente e incorreto. És impossível porque nunca acreditei em príncipes encantados. Incoerente, porque és positivo quando tudo o mais é negativo. E, por fim, és incorreto, porque acho matematicamente impossível que fosse suposto eu encontrar-te, e no entanto, foi o que aconteceu. Desafias o mundo, tudo aquilo em que acreditava e em que não acreditava. O que sinto por ti não foi fruto de uma libertação de dopamina, não me apaixonei por ti, so porque sim, apaixonei-me porque eras diferente, és diferente. Porque desafias o meu coração a comportar-se como um tambor sempre que te aproximas. Porque fizes-te do teu umbigo o meu centro de gravidade, e do teu amor, o centro do meu universo.
Amo-te. Tão simplesmente como isto. Vou dizer o que nunca esperei dizer: que se lixem as ciências e teorias. Apaixonei-me por ti porque és perfeito e não porque o meu hipotálamo decidiu enviar ordens de se enviar dopamina para o meu sangue. Apaixonei-me por ti porque me fazes rir, chorar, gritar, relaxar, sentir segura. Porque ao teu lado sou só eu, não preciso de máscaras, nem de empurrar mágoas. Ao teu lado estou finalmente a vivê-las. Estou a exprimir-me como uma pessoa normal. Estou a sorrir porque sou genuinamente feliz, apesar de tudo o que estou a passar. Estou ao teu lado e o conto de fadas torna-se real. Deixo de ser a gata borralheira que só trabalha nos seus livros, na sua família, na sua casa,  que só trabalha pela felicidade dos outros e por um futuro que ninguém lhe pode garantir. Sim, estou a fazer referências à Cinderela ;) . Mas tu não és só o meu príncipe encantado, a vida é aminha madrasta, os desafios que tenho de aguentar as minhas irmãs malvadas. Mas tu, tu foste a minha fada madrinha porque me tiras-te de um buraco de onde nunca pensei sair, e reuniste os estilhaços que eu era para os transformar em cristal outra vez. Fizeste-me abrir os olhos para o que me rodeia, levantaste-me e levaste-me por uma aventura louca que progressivamente me levou a conhecer-te, e a ter cada vez mais a certeza de que és o meu príncipe encantado. És tudo, basicamente, és o meu conto de fadas e não há nada que eu queira mais do que viver feliz para sempre contigo. Não sou perfeita, não sou romântica, não tenho a paciência que tu mereces, não venço tudo o que se atravessa no meu caminho e definitivamente não vou nunca livrar-me desta vida madrasta, mas acredito, que ao teu lado, vou ser Cinderela.
Ainda não curei todas as feridas, e mesmo que o faça vão sempre haver novas, estás na minha vida á sete meses, já te apercebes-te que isso é inevitável. Mas prometo-te, enquanto me aturares, sonhares comigo, e estiveres disposto a todas as loucuras por mim, eu vou estar sempre do outro lado do espelho, disposta a tudo por ti e a fazer de ti a única coisa com que realmente vale a pena sonhar. Por muitas vezes que te agradeça, nunca o vou fazer o suficiente, sei disso, e peço desculpa pelas vezes em que erro e não o admito.

Como disse, não sou perfeita. Sou só eu, Cláudia Silva, a verdadeira Dita, a única que vale a pena conhecer, e aquela que so posso ser quando estou ao teu lado. Aquela que te deu e vai dar tudo aquilo que tem para oferecer, o pouco e o tudo que tenha, é teu e tu sabe-lo. Nunca te esqueças disto: posso não ser uma princesa, mas sou a tua princesa, queres ser o meu príncipe?

domingo, 6 de julho de 2014

Maçã Envenenada

As mentiras, para além de assustadoras são extremamente cruéis. Pouco me custa mais do que estar a olhar uma pessoa nos olhos e saber que ela me está a mentir. Sem sequer pestanejar. Mas nada, na verdade, se compara a uma traição.
Sabem aquele momento em que a branca de neve trinca a maçã da velhinha simpática e se engasga? Aquele momento em que a princesa se apercebe de que fora traída?
Esse olhar, esse sentimento, a incredulidade... Estou a falar disto pela última vez, porque preciso de de uma vez por todas pôr por palavras aquilo que senti.
Quando ele me disse que me tinha traído, que me tinha mentido todos aqueles meses... O meu coração parou. E a partir desse momento, entrei num sono profundo. Atravessei meses e meses sem me aperceber da realidade, apenas vivendo sem qualquer objetivo. Estava adormecida, a minha vida não tinha nada para além do que eu conseguia ver para além da minha redoma de vidro.
Sei que parece idílico, mas apenas voltei a acordar do sono profundo em que estava quando apareceu um príncipe e me beijou.
Uma noite, de baixo de chuva e das estrelas ele apareceu e beijou.me. A minha noite começou a brilhar, o meu corpo a tremer, o meu coração a saltar.
Assim, tal e qual um conto de fadas. A adrenalina que me percorreu o corpo foi como um despertador. Puxou-me do lugar escuro onde me tinha escondido durante meses e trouxe.me a realidade.
Esse momento seguido de tantos outros momentos fantásticos fez-me acreditar que a magia existe, mas que todas as maldições podem ser quebradas se tiver-mos a pessoa certa do nosso lado.

segunda-feira, 23 de junho de 2014

A Bela e O Monstro

Os momentos mais assustadores na vida de uma adolescente são sempre os mesmos... Não são aqueles em que o espelho parece deformar-nos, nem quando parece que toda a gente está a tentar fazer alguma coisa contra nós... Nada disso.
Quando éramos pequeninos, ouvia-mos as nossas histórias de embalar, aqueles contos de fadas que nos enchiam os sonhos... Claro, éramos miúdos, mas os vilões continuam sempre a parecer-nos a bruxa má. E esses são os nossos verdadeiros medos, que esses medos e essas bruxas se tornem reais.

Quando eu era pequenina, havia uma história que me irritava particularmente... A da Bela e o Monstro.
Aquela ideia de me apaixonar por alguém por quem nunca pensaria que pudesse acontecer. Com as características perfeitamente opostas áquelas que pensava procurar num Homem, aquela ideia de me apaixonar apenas pelo coração da pessoa... É esse o maior vilão da minha infância. E esse é o meu maior vilão agora...
Quando me começo a apaixonar.. nunca encontro uma verdadeira razão para isso estar a acontecer e por isso recuso-me a acreditar. Sempre que me começo a apaixonar a história repete-se... Aquela pessoa porque? é impossível miúda... Impossível! Esquece a sério... E depois parece que a história se torna real.., e de um momento para o outro, já não consigo recusar-me a acreditar. Como que por magia... O "monstro" torna-se O príncipe. E é esse o momento mais assustador da adolescência...
O momento em que o nosso coração se apaixona pela pessoa que aos olhos de todos é o "monstro", que não há muito tempo não nos parecia exatamente a pessoa perfeita...mas que de um momento para o outro nos enche o coração... O momento em que o feitiço, não é quebrado, mas sim lançado...
É neste momento, que eu digo, AMO-TE, ÉS O MEU PRÍNCIPE e nunca, mas nunca ninguém vai conseguir tirar-me essa ideia. Apareceste e tornaste a minha vida tão especial que não existe qualquer monstro, fizeste-me perceber que os monstros estão apenas na minha cabeça, que o teu coração é tudo com que me importa sonhar, e que a história de que tinha tanta raiva, afinal apenas me incomodava por uma razão. A história certa não tem monstro, a minha história só te tem a ti, a pessoa perfeita para mim.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Telas do passado

Não sei que bicho me mordeu. Não faço ideia porque fico assim, a sério que não.
Só sonho com ele, o meu subconsciente está completamente saudosista... Eu não lhe dou um unico pensamento do meu dia normalmente, tenho a cabeça tão cheia de coisas que nem tenho tempo de me concentrar na dor e etc etc e tal...
Quer dizer, não sonho com momentos que poderíamos ter vindo a ter nem coisas que gostaria de ter dito ou feito e não fiz ou disse, não sou assim tão surreal. Sei que não tínhamos futuro e aparte o mau-final não estava a espera que durássemos para sempre, era demasiado perfeito para ser real. Nada disso. Sonho com o passado. 
Os meus sonhos são as telas das memórias. As telas daquilo que tive com a pessoa que mais amei em toda a minha vida. E isso assusta-me de verdade. A meio da noite vejo tudo vezes e vezes sem conta, as palavras certas ditas no momento certo, as cartas perfumadas, as prendas, as serenatas, os segredos, as confissões. Vejo esses momentos que estão enterrados no passado e que não me permito recordar no dia-a-dia. Vejo tudo isso. E quando acordo sinto-me zonza... Como se estivesse inebriada pelas sensações que as memórias me causam agora e com as emoções que causaram na altura... É um cocktail perigoso, um cocktail que me deixa completamente confusa. Acordo, sento-me na cama e vejo o sonho todo a escaparse-me pelos dedos como se fossem uma areia muito fina,quente e agradável durante algum tempo até se tornar incomoda...
Incomoda-me o quanto está vivo na minha memória, incomoda-me que lide tão bem com tudo isto, incomoda-me...
Os meus sonhos sempre foram muito importantes para mim porque me revelam medos e desejos que nem eu sei que tenho. Mas desta vez, acho que não é nada disso, tenho a certeza de que estas fitas que vejo desenrolarem-se todas as noites são o meu castigo. O castigo que eu própria dei finalmente a mim mesma por ter feito aquilo que sempre jurei não fazer: mandar-me de cabeça...

Sou tão cruel...

domingo, 30 de março de 2014

Grilinho Falante

Um grilinho falante é a versão infantil da malfadada consciência... O meu grilinho Falante tem uma voz muito aguda, tão aguda que me deixa a cabeça completamente zonza quando fala, e acreditem, fala muito.
Quando paro de pensar em mil e uma coisas, de refletir acerca de coisas sem qualquer interesse prático pelo menos numa realidade a curto prazo, então começo a ouvir o eco... Um eco que não perde sílabas. Não perde nada das suas palavras duras. Durante todo o dia ignoro a voz dentro da minha cabeça que me tenta guiar e quando finalmente estou demasiado cansada para preencher a cabeça com coisas sem sentido, oiço. 
Oiço a recriminação, a dor e os remorsos, ouço a vontade de chorar, ouço os gritos reprimidos, ouço a fúria aprisionada numa pequena jaula no fundo do meu cérebro. Ouço tudo. Oiço os erros, oiço as atitudes erradas e as que acredito serem certas, oiço os meus pesadelos e oiço aquilo que menos quero ouvir: as memórias dolorosas que dou de alimento à fúria enjaulada como forma de as tentar fazer desaparecer... A fúria vai definhando porque as memórias se recusam a alimentá-la. As memórias boas que doem mais do que as más... A saudade que me faz sentir revolta comigo própria simplesmente por a sentir. Oiço tudo isto, e dói-me a cabeça, dói-me a alma de pensar que nada vai ser como dantes e de pensar que não me lembro se quero ou não voltar atrás.
O meu grilinho falante tira-me o sono, mas é graças a ele que não sou o pinóquio...